domingo, 27 de maio de 2018

Henri Matisse - A dança


1910
Henri Matisse é considerado, juntamente com Picasso, uma figura chave na arte moderna, responsável por uma evolução muito significativa na pintura. 
Matisse, de nacionalidade francesa, formou-se em Direito na capital francesa e ainda exerceu durante algum tempo a profissão de administrador num tribunal, mas rapidamente seguiu em frente pelo mundo das artes. Foi lider do movimento artístico designado por fauvismo, cujas pinturas são caracterizadas por cores fortes e muitas vezes dissonantes, desligadas das cores naturais dos objetos. 
Quando a obra "A Dança" foi exposta pela primeira vez em Paris, foi alvo de duras críticas. Nela o pintor retrata as formas simplificadas, distorcidas e desnudadas de cinco dançarinas que dão as mãos numa dança de roda e que ocupam toda a tela, limitando-se a poucas cores: azul para o céu, laranja-rosado para os corpos e verde para as colinas. 
Na verdade, existem duas versões da famosa obra A Dança. Uma, a de 1909, encontra-se exposta no MomA de Nova Iorque, enquanto a outra, de 1910, pode ser vista no Hermitage de São Petersburgo.


As duas versões da obra: onde estão as diferenças?
A Dança I, 1909 e A Dança II, 1910.

A dança em roda é um tema recorrente na pintura, 
como esta de Edward John Poynter:
 Horae Serenae (detalhe), 1894.


De Frederick Morgan, uma das suas múltiplas
 obras idílicas sobre a infância:
Ring-a-Ring-a-Roses-Oh, 1885.

 A dança em círculo também na obra do pintor
espanhol Eduardo Leon Garrido, perito em cenas galantes:

 The Beau at the Soiree, Sem data


Numa visita ao museu Stadel, em Frankfurt, pode
 apreciar-se esta obra de Ferdinand van Kessel:
The dance of rats, 1690.


Uma homenagem a Matisse pelo fotógrafo Leonard Nimoy,
mais conhecido pela sua interpretação de Mr. Spock
na série de ficção científica Star Trek:
Matisse Dancers, 2005. 










segunda-feira, 30 de abril de 2018

Barnett Newman - The voice


1950


As obras do pintor estado-unidense Barnett Newman estão associadas ao abstracionismo e algumas delas têm atingido preços que se aproximam das largas dezenas de milhões de euros. Newman é considerado como um dos precursores de um estilo de pintura abstrata designado por Color Field, que se caratecterizava por grandes áreas de uma única cor sólida espalhada numa tela, originando pinturas planas, sem qualquer tipo de profundidade.
Nesta sua obra, The Voice, utilizou a técnica de têmpera e tinta de esmalte, sendo a textura da  trama da tela plenamente visível sob a tinta. Newman pretendia que esta sua obra fosse apreciada a pouca distância, fomentando assim que a escala monumental da tela (244.1 x 268 cm) absorvesse toda a atenção do espetador.


O pintor catalão Joan Miró também pintou esta obra similar à de Newman,
crua e quase despida de quaisquer elementos:
Pintura sobre fondo blanco para la celda de un solitario(II), 1968.


Robert Rauschenberg pediu um desenho a
um artista seu amigo e ... apagou-o totalmente.
O resultado é uma das suas obras mais conhecidas:
Erased de Kooning Drawing, 1953.


Do pintor Yves Klein mostra-se aqui mais uma obra subversiva
que apela à singularidade e ao desnuamento do superfluo:
IKB Monochrome Blue, 1960.

Ainda outra, de Mark Rothko:
Red on Maroon, 1959.

A aquisição, por uma pequena fortuna, de um quadro
totalmente branco é o mote da peça de teatro Arte,
de Yasmina Reza, na qual esta dramaturga 
disseca as antinomias da amizade.




Uma transposição para o universo musical das
obras plásticas acima apresentadas, é certamente esta composição
para piano em que nenhuma nota musical é executada:
John Cage's 4'33













domingo, 22 de abril de 2018

Correggio - Leda e o Cisne


1531-1532


Antonio Allegri, mais conhecido por Correggio, cidade da região italiana de Reggio Emilia, onde nasceu, foi um grande pintor do renascimento. Para além de obras religiosas, pintou múltiplas obras inspiradas na mitologia grega, onde se destaca esta - Leda e o Cisne -, que pode ser admirada no museu Staatliche, em Berlim.

Segundo a mitologia grega, Zeus (Júpiter) apaixonou-se pela jovem e bela Leda, rainha de Esparta e esposa do rei Tíndaro, e para consumar a sua paixão tomou a forma de um cisne branco. Assim transfigurado aproximou-se dela e consegue seduzi-la e dessa união Leda viria a dar à luz quatro gémeos em dois ovos: Pólux e Helena (de Tróia), filhos de Zeus e imortais, e Castor e Clitemnestra, filhos de Tíndaro e mortais. 

Correggio pintou Leda desnudada de costas para uma grande árvore e com o corpo de frente para o observador, que desta forma presencia a união intima da Leda com Zeus transformado num belo cisne. Da cena fazem parte duas ninfas, dois putti (crianças com asas), duas criadas de Leda e Cupido, o deus do amor.  



Contemporâneo de Correggio, Leonardo da Vinci fez alguns estudos em papel, que
viriam a dar origem a uma obra em tela, aparentemente desaparecida ou destruida.


Embora desaparecida, foram feitas múltiplas cópias
ou versões da obra Leda e o Cisne de Leonardo da Vinci,
como as aqui representradas, de Il Sodoma, de Cesare da Sesto
e de Francesco Melzi, respetivamente.
Estão aqui representados os filhos gémeos de Leda, nascidos de ovos.


Leda no expressionismo do polaco Jerzy Hulewicz:
Leda and the swan, 1928.


Leda no surrealismo de salvador Dali:
Leda atómica, 1949.

Também os escultores não se esqueceram do mito.
De August Clésinger:
Leda and the Swan, 1864.


Mais obras de arte relacionadas:




terça-feira, 17 de abril de 2018

Luis Meléndez - Natureza Morta com Salmão, Limão e Três Vasilhas


1772


Luis Egidio Meléndez (1716–1780) foi um pintor espanhol de origem italiana que, apesar de ter recebido pouco reconhecimento em vida e ter morrido na miséria, é hoje aclamado como um dos maiores pintores de naturezas-mortas do século XVIII de estilo rococó, que transformava os mais mundanos objetos da cozinha em poderosas peças artísticas, pejadas de composição, volume, luz e textura. 



A Natureza-Morta aqui escolhida para encabeçar esta mostra da obra do pintor emcontra-se no Museu do Prado em Madrid, tal como a grande maioria das naturezas-mortas que elaborou. Natureza Morta com Salmão, Limão e Três Vazilhas é uma das suas obras mais conhecidas na qual representou uma posta de salmão bem suculenta e rosada, um limão e três vazilhas diferentes, duas delas com o inconfundivel brilho do cobre magistralmente captado por Meléndez. Este conjunto, a que se juntam a colher lá atrás e o caco de porcelana por cima de uma das vazilhas, bem como a detalhada textura de madeira da bancada, tornam esta composição um verdadeiro paradigma da mestria do artista.





Também de Meléndez, especial atenção para o
 branco magistral e a textura da superfície vidrada da jarra:
Bodegón con ciruelas, brevas, pan, barrilete, jarra y otros recipientes, 1760 - 1770. 

Meléndez capta soberbamente a transparência do vidro,
 e a textura da madeira e do pão:
Caja de dulces, rosca y otros objetos, 1770 







terça-feira, 10 de abril de 2018

Rembrandt - O Banho de Betsabé

1654

Rembrandt Harmenszoon van Rijn  (1606 - 1669) foi um pintor e gravador holandês, sendo geralmente considerado como um dos maiores nomes da história da arte europeia. As cenas bíblicas, os retratos e os autorretratos foram alguns dos principais temas abordados pelo artista.

Conta a narrativa bíblica no segundo livro de Samuel que Betsabé era casada com Uriah, um guerreiro ao serviço do rei David, mas que a sua beleza teria sido cobiçada por este quando a viu a tomar banho.
David, que foi rei do Reino Unido de Israel e Judá por volta do ano mil antes de Cristo, conseguiu os seus intentos e mais tarde Betsabé viria a tornar-se rainha consorte do reino. Um dos filhos de David e Betsabé foi o rei Salomão.

Nesta pintura de Rembrant, exposta no Louvre e já restaurada, vê-se Betsamé com um olhar pensativo e indeciso, pois acaba de ler uma carta que segura na mão direita escrita pelo rei David. Nesta carta o rei David convida-a para o seu palácio, depois de a ter observado durante o banho. A luz suave enfatiza o seu isolamento e a sua reflexão sobre este convite, que viria a aceitar e a resultar em adultério.


Também no museu do Louvre se encontra exposta esta
pintura de Willem Drost, um pupilo de Rembrandt,
ilustrando Betsabé com a carta de David:
Bathsheba with David's Letter, 1654


O banho de Betsabé na pintura narrativa de Jean-Léon Gérôme, 
onde é explorado o seu virtuosismo incomparável para
 capturar o nu feminino: 
Bethsabée, 1889

Pablo picasso inspirou-se n' O banho de Betsabé de Rembrant:
Bethsabée, 1966





Leonard Cohen, com a sua música Hallelujah, refere o episódio do avistamento de Betsabé por David:

"[...] That David played, and it pleased the Lord
[...]
You saw her bathing on the roof, Her beauty and the moonlight overthrew you [...]"